Não é bem essa imagem que tenho em mente quando se trata do Ser Mulher; mas, ocupada com N papéis, foi fácil pegar no google |
Para Simone de Beauvoir ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Após uma série de situações que meninas e meninos possuem em comum, dá-se a escolha. Tornar-se mulher implica múltiplos papéis.
Não desejo mencionar os diferentes papéis da mulher que se tornou notável no aspecto profissional ou aquela beldade que figura nas colunas sociais; mas desejo sim, quanto aos diversos papéis de todas aquelas que com condições menos favoráveis também se tornaram mulher. Mulher pobre, mulher prostituta, mulher feia, mulher que "mata" um leão por dia? para ajudar o marido ou sustentar os filhos abandonados pelo pai.
Todas essas mulheres que optaram por ser mulher merecem igualdade na comemoração desse dia. É complicado atingir essa condição. Mas acredito que ao menos é possível tentar.
Falar em igualdade no Dia Internacional da Mulher pode parecer utópico, mas não é. Quero chamar a atenção para as comemorações que ocorrem em virtude dessa data. Do quanto se fala das vitórias alcançadas, e tantos outros méritos.
Noto que na maioria das vezes é mencionada a mulher empresária, a mulher que se encontra em destaque. Falar de quem não está no auge não dá Ibope. Esquecemos que o ápice de cada conquista é pessoal e suas dificuldades para atingi-lo dependem de situações diferenciadas.
Então, porquê não falar da mulher que levanta muito antes do sol nascer, prepara o almoço, deixa o filho na escola e tem uma jornada de trabalho de 8 horas.
E que após essa rotina cansativa, ao chegar em casa, tem mais obrigações a cumprir.
São refeições a serem preparadas, roupas e casa a espera de faxina. E claro, o esposo. Esposo esse que nem sempre valoriza o quanto à mulher contribui financeiramente, que chega bêbado em casa, que diz que ela está fora de forma, feia, acabada ou simplesmente a abandona com muitos filhos pequenos.
Foram mulheres corajosas assim, que em 1857 rebelaram-se contra um sistema que só as desprivilegiava. Não é possível esquecer que há quase um século e meio, no dia 8 de março de 1857, teve lugar àquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras ações organizadas por trabalhadores do sexo feminino. Centenas de mulheres das fábricas de vestuário e têxteis de Nova Iorque iniciaram uma marcha de protesto contra baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. A manifestação foi violentamente dispersada pela polícia. Mas, o dia 8 de março só passa a ser comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher em 1975.
Não é possível aceitar que só as mulheres que atingiram o topo cultural, financeiro e social mereçam o destaque desse dia. A mulher que sai de casa para trabalhar e ainda tem que conciliar seus afazeres domésticos, empregatícios e a educação dos filhos, também têm seu ápice, mesmo que não o pareça para a sociedade.
É para essa mulher que chamo a atenção nesse dia. A essa mulher que foi facultado o direito de ingressar no mercado de trabalho e ainda hoje é tratada com desconfiança.
Essa mulher que tem que conciliar o mercado de trabalho e o papel inerente de mãe. A mulher que tem um acúmulo de funções e precisa resolver questões profissionais, domésticas e psicológicas.
São para essas mulheres os aplausos pelo dia de hoje. Essas mulheres possuem tanto a fazer, que é provável que nem saibam que hoje é o dia delas. Mas você sabe, dê os parabéns a ela.
Cleiry de Oliveira Carvalho é acadêmica de Letras
FONTE: http://www.odiario.com/opiniao/noticia/33463/o-ser-mulher/
Incrível esse texto!!
ResponderExcluirPrincipalmente em se tratando de ser um texto escrito por uma aluna,pois se entedi bem ainda era uma na ocasião certo?
Merecidamente hoje és tão renomada em sua profissão!!!Parabéns.
Sim, era aluna de Letras. Hoje continuo aluna :) --- mas nem sempre da Letra...
ExcluirAbraço!