sábado, 20 de abril de 2013

Em tempos de infelicidades e infelicianos...

Hoje li um texto que tocou dentro... é, dentro, sabe onde fica isso? Sabe o que é ler e doer embaixo da unha, do fio de cabelo? Sabe o que é um fio de cabelo doendo? E a unha? Nunca sentiu dor alguma além daquela de quando perdeu? Não me diga que é normal? Seu nome deve ser Norma. O meu não, por isso o esparramo diante das palavras do texto que li. Você não sabe. Não antes de ler.
Tenho amigos e amigas (que faz tempo não vejo) que amam os seus iguais e que sofreram por isso, alguns só saíram de casa (e para longe) tentando ser quem são. Mas nem de longe, apesar de serem doutores na linguagem, já fizeram algo tão tocante/verdadeiro quanto esse texto aqui. Quem não é homo costuma se sentir vítima de quem é. Não aceitam o contrário, esquecem que a cultura vivenciada é a cultura hetero (ainda que seja uma cultura de mentiras) e por isso o estômago rejeita o beijo do igual. Entendo que não é fácil lidar com o novo, entendo de fato. Mas se para a maioria o novo é ver dois iguais se amando, o novo para esses iguais é assumir seu amor na igualdade rejeitada pelos de fora. Somos todos preconceituosos (eu também, infelizmente) e não sabemos lidar com o que vemos, e esperamos que os iguais lidem com o que sentem de maneira a esconder, mudar. Se é para mim tão difícil ver dois homens se beijando, como devo pedir que esses dois homens deixem de ser o que são? Não é para eles mais difícil ainda mudar o de dentro do que para eu mudar o que está externo? Vê-los se beijando é externo, é o verniz do de dentro deles. Mas se dói em mim, o quanto terá doído neles? Eu costumava pensar que eles deveriam se amar dentro de quatro paredes e não se exporem aos golpes da sociedade, até que percebi que aceitá-los escondidos era o mesmo que não aceitá-los. Daí em diante eu aprendi (cada dia um pouco e hoje ainda) a lidar com o igual, passei a enxergar o sentimento e não quem externava o sentimento. Se duas mulheres se amam, se dois homens se amam, se um homem e uma mulher se amam... o que há de igual nisso? O fato de se amarem e é isso que precisa ser enxergado por todos. É difícil em uma sociedade hipócrita? É. Mas eu penso que não é mais difícil do que deve ter sido para eles. Passarinho não carrega pedra? Passarinho só carrega fruto? É por isso que as frutas estão perto de suas árvores mães? Não... tem fruto que sequer cai. Passarinho leva longe para alimentar o que é seu.



Sonora Letrante...  para ler o texto que li, clique aqui!

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