“Você acha que essa perspectiva iluminista, essa crítica da ideologia feita pelo teatro épico, dá conta das questões contemporâneas?”. Respiro fundo e tento explicar que o procedimento do teatro dialético não pode ser identificado ao desmascaramento, à exposição da mola econômica, que os aspectos decisivos estão na interação contraditória entre a cena e o público etc. Fico com vontade de sugerir a leitura dos textos de Marx sobre religião,mas opto em escapar da conversa inútil (que não modificaria pontos de vista já cristalizados) com uma citação de um filósofo contemporâneo, o que serve antes para confundir do que para esclarecer minha posição. Parece que a inteligibilidade em arte não é um valor muito apreciado. Em casa, sublinho no Diário de Trabalho, o seguinte trecho, do período norte-americano de Brecht, que mostra sua diferença em relação a qualquer materialismo vulgar: “A oportunidade especial que o marxismo teve na Europa não existe aqui. O sensacional desnudamento das práticas comerciais nos países burgueses indicou que o marxismo surgiu como um iluminismo, efeito que não é possível aqui. Aqui você se vê diante de um Estado instituído diretamente pela burguesia, que em nenhum momento se envergonha de ser burguesa.” Sua obra – lá atrás – já lidava com uma compreensão avançada das utilidades e limites da atitude iluminista, num tempo em que “a opressão avança dispensando a máscara do pacifismo”.
Sugestão, acesse o link: http://www.sergiodecarvalho.com.br/?p=1478
Coisa - “tudo quanto existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea” e por aí vai. A coisa é que alguma coisa não faz sentido algum nas coisas que tenho existido. Seja ela que coisa for.