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POE, E. A. "O princípio poético". In.: Poemas e ensaios. Tradução: Oscar Mendes e Milton Amado. Revisão e notas: Carmen Vera Cirne Lima. 2 ed. Rio de janeiro: Globo, 1987. Páginas 83 – 107.
O princípio poético de Poe opera com uma relação entre a extensão da obra pretendida e a reação provocada no leitor. Para Poe há os poemas de primeira e segunda categoria e essa definição se dá pela extensão da obra. Na opinião dele não existe um poema longo, já que o mesmo, ao ser lido, será na verdade vários pequenos poemas com mais ou menos emoção. E só se trata de poema quando provoca uma emoção exaltante: "o valor do poema está na razão desta emoção exaltante" (1987; 83). Para tanto, uma obra poética deve ser planejada e articulada sistematicamente, isto é, cada elemento deve ser escolhido objetivando o efeito pretendido. E está foi a medida adotada por Poe ao compor "O Corvo" e explicita na "Filosofia da composição". De início, Poe recomenda que o texto tenha início no final, pois "só tendo o epílogo constantemente em vista poderemos dar a um enredo seu aspecto indispensável de conseqüência, ou causalidade...", declarou sobre a confecção do poema. O artista, então, como um estrategista poético deve armar o texto de modo a despertar no leitor o efeito almejado. Um efeito lapidado pelo sentimento poético, marcado pela indefinição e pelo prazer. Tal como no poema, Poe pressupõe para o conto, para a prosa de narrativa curta, a "unidade de efeito ou impressão", causando um estado de excitação, conseqüentemente, a dosagem do tempo deve ser prevista. Um conto deve então ser lido de uma sentada, caso contrário a unidade e a exaltação se perdem, implicando a descaracterização do texto como tal.
No caso dos poemas utilizados por Poe para o ensaio "O princípio poético" e ao