vol. 9, n. 1 (jan-mar 2020) |
Neste número, reunimos trabalhos que tratam da metapoesia como fenômeno dialógico, de reflexões sobre as relações entre literatura e fotografia, da constituição da autoria na formação docente em cursos de Letras, da abordagem semântico-discursiva do MAS na argumentação em propagandas, do uso de RPG no ensino de línguas estrangeiras, da relação entre linguagem e lugares de memória (recortando o caso da Casa de Oxumarê) e do apagamento de escritoras brasileiras durante a ditadura (que existiu e foi abominável), além de estudos que enquadram obras de Rimbaud, Alejandra Pizarnik, George Bataille, Euclides da Cunha, Manuel Bandeira, Manoel de Barros, Rachel de Queiroz, Anne Rice, Cassandra Rios, Bernardo Guimarães e Wander Pirolli.
Macabéa reafirma, assim, pelo reconhecimento de
pesquisadores dispersos por todo o território nacional, seu papel de
veículo de ideias no campo científico nacional.
Os Editores.
Fonte do artigo: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/article/view/2188
Fonte da revista: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/issue/view/112
Resumo
O Seminarista, de Bernardo Guimarães, foi selecionado
para este artigo porque possibilita discutir o ensino em instituições
religiosas, que teve grande importância no Brasil, mesmo depois do fim
do monopólio jesuítico, discutindo ao mesmo tempo a desigualdade de
gênero e de classe no acesso à educação no período imperial —
especificamente na oposição Eugênio-Margarida. Essa obra normalmente é
associada a uma crítica ao celibato clerical e Bernardo Guimarães se
estabeleceu em nosso cânone literário na condição de romancista pouco
festejado pelos críticos. Como se verá, esse romance possibilita encetar
uma discussão abrangente sobre a educação a partir da representação do
ensino numa instituição religiosa de ensino nessa obra de Bernardo
Guimarães. Pelo fato de que essa escola, considerando sua ênfase na
instrução religiosa, foi muito representativa na formação dos jovens
estudantes brasileiros de então, a obra de Guimarães possibilita
investigar questões importantes para o desenvolvimento do eixo temático
crítico deste artigo: a imposição da formação religiosa a um dos filhos
foi, na época, a prática de muitas famílias brasileiras que viam no
serviço eclesiástico a possibilidade de sua própria ascensão. Minha
conclusão é que a arquitetura formal da narrativa amorosa internaliza as
realidades histórica e social da educação do patriciado rural do século
XIX, configurando-se como objetivação estética de uma crítica incisiva
não somente ao imperativo repressivo do celibato clerical (elemento
ordinariamente considerado como a questão central do romance), mas
sobretudo aos modos de enclausuramento formal e informal observados na
educação de uma época em que a escola era estruturada sobre o princípio
da coerção.
Palavras-chave
Educação. Bernardo Guimarães. O Seminarista. Violência
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