terça-feira, 24 de março de 2020

EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL EM O SEMINARISTA, DE BERNARDO JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES

vol. 9, n. 1 (jan-mar 2020)



Neste número, reunimos trabalhos que tratam da metapoesia como fenômeno dialógico, de reflexões sobre as relações entre literatura e fotografia, da constituição da autoria na formação docente em cursos de Letras, da abordagem semântico-discursiva do MAS na argumentação em propagandas, do uso de RPG no ensino de línguas estrangeiras, da relação entre linguagem e lugares de memória (recortando o caso da Casa de Oxumarê) e do apagamento de escritoras brasileiras durante a ditadura (que existiu e foi abominável), além de estudos que enquadram obras de Rimbaud, Alejandra Pizarnik, George Bataille, Euclides da Cunha, Manuel Bandeira, Manoel de Barros, Rachel de Queiroz, Anne Rice, Cassandra Rios, Bernardo Guimarães e Wander Pirolli.
Macabéa reafirma, assim, pelo reconhecimento de pesquisadores dispersos por todo o território nacional, seu papel de veículo de ideias no campo científico nacional.

Os Editores.

Fonte do artigo: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/article/view/2188
Fonte da revista: http://periodicos.urca.br/ojs/index.php/MacREN/issue/view/112

Resumo




O Seminarista, de Bernardo Guimarães, foi selecionado para este artigo porque possibilita discutir o ensino em instituições religiosas, que teve grande importância no Brasil, mesmo depois do fim do monopólio jesuítico, discutindo ao mesmo tempo a desigualdade de gênero e de classe no acesso à educação no período imperial — especificamente na oposição Eugênio-Margarida. Essa obra normalmente é associada a uma crítica ao celibato clerical e Bernardo Guimarães se estabeleceu em nosso cânone literário na condição de romancista pouco festejado pelos críticos. Como se verá, esse romance possibilita encetar uma discussão abrangente sobre a educação a partir da representação do ensino numa instituição religiosa de ensino nessa obra de Bernardo Guimarães. Pelo fato de que essa escola, considerando sua ênfase na instrução religiosa, foi muito representativa na formação dos jovens estudantes brasileiros de então, a obra de Guimarães possibilita investigar questões importantes para o desenvolvimento do eixo temático crítico deste artigo: a imposição da formação religiosa a um dos filhos foi, na época, a prática de muitas famílias brasileiras que viam no serviço eclesiástico a possibilidade de sua própria ascensão. Minha conclusão é que a arquitetura formal da narrativa amorosa internaliza as realidades histórica e social da educação do patriciado rural do século XIX, configurando-se como objetivação estética de uma crítica incisiva não somente ao imperativo repressivo do celibato clerical (elemento ordinariamente considerado como a questão central do romance), mas sobretudo aos modos de enclausuramento formal e informal observados na educação de uma época em que a escola era estruturada sobre o princípio da coerção.

Palavras-chave


Educação. Bernardo Guimarães. O Seminarista. Violência


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