v. 23, n. 1 (2020) Temas de América Latina y el Caribe |
Temas de América Latina y el Caribe
Cláudia Lorena Fonseca
Centro de Letras e Comunicação/Programa de pós-graduação em Letras,
Universidade Federal de Pelotas-UFPEL, Pelotas, RS, Brasil
Apresentação
Cláudia Lorena Fonseca
Centro de Letras e Comunicação/Programa de pós-graduação em Letras,
Universidade Federal de Pelotas-UFPEL, Pelotas, RS, Brasil
Apresentação
Resistência é a palavra e literatura o suporte em A resistência de um bibliotecário morto retido em uma universidade: Alegres memórias de um cadáver, de Roberto Gomes, de Cleiry Carvalho, no qual a autora se dedica a refletir sobre o que significou politicamente para a educação o período da Ditadura militar no Brasil no âmbito universitário. Segundo Carvalho, o romance de Roberto Gomes “oferece ao leitor o ensejo de transpor a sátira fantasiosa dos espaços acadêmicos para uma crítica muito mais profunda da dinâmica social mais ampla das práticas costumeiras dentro e em torno da universidade”.
Fonte da revista: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rle/issue/view/944/showToc
Fonte da revista: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rle/issue/view/944/showToc
Resumo
O romance Alegres memórias de um cadáver foi escrito e
ambientado na Ditadura Militar e nos permite refletir sobre e
interpretar o que esse período significou politicamente para a educação.
Na obra figura uma universidade privada que prioriza o cálculo
econômico (objetivando manter-se no mercado da educação) — ao ponto de
os números do balanço anual se converterem em critério “acadêmico” para a
manutenção de disciplinas no ou sua eliminação do currículo. A
multiplicidade de focos narrativos utilizados por Roberto Gomes
estabelece um ponto de vista que transcende qualquer perspectiva
individual, de modo a estabelecer a própria universidade como
protagonista. Assim, o romance oferece ao leitor o ensejo de transpor a
sátira fantasiosa dos espaços acadêmicos para uma crítica muito mais
profunda da dinâmica social mais ampla das práticas costumeiras dentro e
em torno da universidade. E a volatilidade do mercado que circunscreve
as atividades dessa universidade é análoga à volatilidade do
bibliotecário cadáver, cujo corpo pervaga como um fantasma os espaços do
campus. O autor fragmenta ao máximo a narração, de modo que o leitor
possa enfim perceber que ela toda corresponde à própria universidade, ou
a seu cadáver, aprendiz de fantasma. No romance, esse fantasma em
potencial representa a universidade brasileira, com suas inversões
hierárquicas, reformas sempre provisórias e superficiais, avaliações
corporativistas e quantificadoras, discursos avançados e práticas
regressivas, dilatação da burocracia, ilusões políticas e sua
instrumentalização etc.
Palavras-chave
Roberto Gomes; ditadura militar; violência; política; universidade
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